segunda-feira, 22 de abril de 2013
Rendição
A rendição é o meu princípio espiritual favorito. Quando o coloco em prática, geralmente percebo que, se tivesse me rendido há mais tempo, no início da situação,
teria me poupado de muito sofrimento.
Uma forma de me render é fazer a “entrega” ao meu Poder Superior. É impressionante – quando peço, recebo uma resposta; nem sempre a que eu quero, mas aquela
que funciona se eu me entregar a ela.
Há sete anos, quando comecei a trabalhar o programa através do Guia dos Passos,
juntamente com a minha madrinha, a orientação que recebia em resposta às minhas
preces costumava ser: render-me à situação e escrever o passo que estivesse trabalhando naquele momento. De alguma forma, o passo – qualquer que fosse – me oferecia
uma perspectiva adequada à situação, que eu podia compreender e aceitar.
Em uma dessas ocasiões, surgiu um conflito entre mim e uma pessoa que amo. Escrevi ininterruptamente sobre o passo que estava trabalhando na época. Concluí que o
que desejava era uma resolução pacífica para o conflito, para que aquele aperto no meu
estômago passasse. Por fim, rendi-me à situação. Não podia modificar as percepções
da outra pessoa, então aceitei o fato e abri mão de “ter razão”. Aprendi que era preciso
agir de forma diferente com relação àquela pessoa. Para mim, é mais importante ter
serenidade do que o reconhecimento da pessoa de que eu estou certa.
Além disso, a rendição me mantém no “agora”. Minha doença adora quando
estou presa ao arrependimento do passado e à preocupação quanto ao
futuro. O medo egocêntrico está no cerne da minha doença. Já
tive a minha cota de remoer o passado e antecipar desastres
futuros. Portanto, quando consigo viver o momento e
admitir minha impotência perante o passado e
o futuro, posso ficar serena e satisfeita.
Um dia, quando estava fazendo desintoxicação, saí para fumar um cigarro com
outro paciente. Ele me pediu uma definição
de sucesso. Depois de pensar um pouco,
respondi que sucesso, para mim, era
poder deitar a cabeça no travesseiro, à
noite, e ficar em paz. Quando me rendo
à minha impotência, consigo fazer isso.
Talvez por esse motivo a rendição seja o
meu princípio espiritual favorito – porque
me permite sentir que a minha vida é um
sucesso.
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