terça-feira, 21 de maio de 2013

Aids e uso de cocaína formam uma combinação perigosa


A cocaína, uma droga já prejudicial para as pessoas com sistemas imunológicos saudáveis, pode ser letal para aquelas que vivem com o vírus da aids. Mudit Tyagi, professor de medicina na Universidade George Washington, nos Estados Unidos, está desenvolvendo um estudo que explica como essa combinação é perigosa.

O estudo analisa como o coquetel e o uso da cocaína influenciam na replicação e transmissão do HIV, especialmente em células cerebrais, que são o alvo primário de ambas as drogas.

“Estamos estudando novos casos de HIV provenientes da geração mais jovem”, disse Tyagi. “E, infelizmente, a maioria dos casos ocorreu em pessoas que fazem uso dessas drogas ilícitas”.

O abuso de drogas como a cocaína modifica a epigenética celular, que por sua vez modula a expressão de vários genes celulares. Isso levou os pesquisadores a acreditar que a expressão genética do HIV também é influenciada por esse tipo de estímulos, o que finalmente se traduz em maior replicação e transmissão do vírus em usuários de drogas.

A cocaína prejudica o funcionamento normal das células do cérebro e ativa a expressão genética do HIV no sistema nervoso central. Como resultado, os indivíduos infectados com HIV que fazem uso da droga têm início mais grave da doença.

“Como a população está envelhecendo, observamos um grande número de casos de demência - conhecida como demência associada ao HIV”, disse Tyagi. “O abuso de drogas induz a esses problemas, mesmo em pacientes mais jovens, e os agrava em pacientes mais velhos”, afirma.

Além disso, usuários de drogas têm maior risco de se infectar com o HIV por meio do compartilhamento de agulhas e de relações sexuais desprotegidas.

O estudo de Tyagi terá por foco os mecanismos moleculares envolvidos na regulação da expressão genética do HIV e na sua replicação por ação da cocaína em duas células de macrófagos primários.

Segundo ele, essas modificações contribuem para uma deterioração mais rápida do sistema imunológico e nervoso, o que é bastante prevalente nos pacientes com HIV que abusam de drogas.

Depressão

Um estudo desenvolvido pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, mostrou que 26% das mulheres com o vírus HIV sofrem de depressão. O principal motivo, apontado pelas mulheres, foi a falta de suporte afetivo de parentes e amigos.

O estudo ouviu 120 mulheres com aids, de 35 a 50 anos de idade. Do total, 60% disseram ter tido algum quadro de depressão logo após terem recebido o diagnóstico da doença.

“Essa prevalência (de depressão entre mulheres com HIV) é cerca de duas vezes maior que a encontrada na população em geral. Isso mostra o quanto a infecção por HIV é um fator associado à depressão e o quanto essa população é vulnerável, precisando de uma atenção especial para esse aspecto da saúde mental”, disse a psiquiatra Valéria Mello, autora do estudo.

“O fato de estarem com HIV e saberem que estão com HIV já é um fator de estresse muito grande. E tem também o fato de já terem adoecido.

A maioria das mulheres que estavam deprimidas já tinha ficado doente”, explicou Valéria. A maior parte das mulheres disse ter um relacionamento estável. E mais da metade delas afirmou ter sido contaminada pelo cônjuge. Segundo a psiquiatra, muitas mulheres com HIV ainda sofrem preconceito, embora o tratamento tenha avançado.

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