Pense Nisso !
... Quando algo não der certo na sua vida ou sair diferente daquilo que planejou, procure identificar a sua parcela de responsabilidade antes de sair à procura de um culpado.
Certa vez, dois homens estavam seriamente doentes em um quarto de um grande hospital. O cômodo era bastante pequeno e nele havia uma janela que dava para o mundo.


Era para ser um dia como outro qualquer. O carioca A.E. acordou cedo e iniciou sua rotina matinal. Vestiu-se para ir à escola, tomou café e despediu-se da avó, com quem morava na zona sul do Rio de Janeiro. Ao sair, checou se o cigarro de maconha que costumava esconder na mochila estava lá. Antes de ir para a sala de aula de um dos colégios religiosos mais tradicionais da cidade, foi ao banheiro. Ali, deixou o baseado cair. Foi denunciado e expulso. O episódio ocorreu há três anos, quando A.E. tinha 12 anos. Hoje, ele faz parte de uma dupla estatística, ambas alarmantes. É um dos 92 mil jovens que fazem uso regular de drogas e um dos cerca de um milhão de estudantes brasileiros que admitem a existência de entorpecentes nas escolas. Os números estão no recente levantamento da Unesco, que mostra em detalhes estarrecedores essa triste realidade apresentada na pesquisa Drogas nas Escolas.
É no entorno dos colégios, mais do que dentro deles, que se constata a presença do tráfico e do consumo de drogas. “Não é o aluno quem vai atrás das drogas, é a droga que vai ao encontro dele”, analisa o psiquiatra paulista José Antônio Ribeiro da Silva. A Unesco confirma essa tese ao apontar os bares como os lugares onde, com maior frequência, são vendidas as drogas aos menores. Dentro das escolas, o banheiro é o lugar preferido para usar entorpecentes no horário de aulas. A maconha é disparadamente a droga ilícita mais consumida pelos estudantes. Tirando uma média das 14 capitais pesquisadas, concluiu-se que cerca de 92 mil alunos, de ambos os sexos, fumam maconha. Muitos dos usuários de hoje tiveram seu primeiro contato com os entorpecentes na sala de aula. A paulista A.P.O. fumou pela primeira vez aos 12 anos; um ano depois, usou cocaína e aos 14 anos já estava dependente. “Parei de estudar, já que era na escola que sempre voltava a usar drogas”, lembra ela, hoje com 24 anos.
Porto Alegre lidera o ranking do consumo de drogas. Enquanto o consumo médio nacional de maconha é de 2%, na capital gaúcha é de 4,7%. Esses jovens são também os maiores consumidores de cocaína e inalantes. Só perdem para Brasília quando o assunto é merla (uma espécie de pasta de cocaína misturada a querosene e gasolina). Em relação às drogas injetáveis, os estudantes gaúchos seguem a média nacional. “Demorei a aceitar essa realidade”, admite o psicanalista gaúcho José Outeiral. Autor de uma dezena de livros sobre o tema, o médico tenta explicar o fenômeno no sul do País. Seria o alto poder aquisitivo local e a proximidade das fronteiras. “Costumo dizer que a droga se matriculou na escola.”
Percebo que as pessoas que decidem transformar sua vida 
Na área da saúde pública, é sempre mais fácil diminuir os danos de uma doença antes que ela se transforme em epidemia. Porque depois que a contaminação se espalha entre milhares de vítimas, toda ação de controle se torna muito mais complexa. E é mais ou menos isso que o Brasil está vendo acontecer, hoje, com o crack.

Era uma vez uma corrida... de sapinhos!