Adicionar é o que fazemos quando acrescentamos algo. Às vezes acontece que, quanto mais acrescentamos mais vazios ficamos. É o ponto de adicção.
Precisamos de ser educados. O mundo não se pode organizar em torno de indivíduos de comportamento caótico, dir-se-ia. E para cada um de nós, aprender a viver dentro de um mínimo de regras que facilitam a nossa interacção com os que nos rodeiam; é importante, também.
A forma como este adequar se processa é que depende de muita coisa. Milhões de coisas. Época, geografia, cultura, família, genética, acontecimentos...
O adicto é como um reflexo cristalino de uma polaridade: a causa de um descontentamento colectivo e a expressão excessiva dos métodos de alienação que cada cultura oferece.
Assim, se por exemplo, a falta de auto-estima por necessidade de afecto é um apelo colectivo, a alienação através das compras, da tv, da bebida é uma resposta colectiva.
Falta de algo em que acreditar.
Falta de relações de segurança e com significado
Falta de uma rede humana de proximidade
Falta de estabilidade
Falta de aceitação plena
Falta de toque, carinho, afecto
Falta de alegria, de enquadramento social
E para enganar estas e tantas outras faltas que são civilacionais, globais, culturais; sempre muitos encontrarão refúgio e fuga nos recursos ricos e criativos de todas as adições que se vão criando naturalmente pela força da carência profunda.
Não que então se deva compactuar com o adicto na medida de que o seu comportamento "tem explicação".
O adicto está sozinho por natureza. Construiu um muro a toda a volta e agora envenena-se lá dentro com comportamentos, referências ou substâncias que o façam esquecer que precisa do outro lado do mundo para ser quem realmente é.
Inútil tentar deitar o muro do outro abaixo sem que seja sem a sua vontade.
No entanto existe na adicção um convite à inteligência sensível e holística, seguida à coragem de manter uma disponibilidade independente, respeitadora. Assim, quando o adicto pedir ajuda, e apenas nesse dia, vai encontrar seres humanos capazes de, verdadeiramente, servir de apoio.
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