Ao menos 1/4 dos adultos da Europa já usou drogas ilícitas, diz relatório do OEDT
O relatório anual divulgado pelo Observatório Europeu de Drogas e Toxicomanias(OEDT) nesta terça-feira advertiu que o mercado de entorpecentes está "mais fluído e dinâmico", com a internet representando desafios "cada vez maiores".
O documento apontou que 85 milhões de europeus adultos consumiram alguma droga ilícita em algum momento de suas vidas. Esse número equivale a um quarto da população adulta do continente. Enquanto que o consumo de cocaína e heroína seguem em queda e o de maconha se mantém, em 2013 se detectou que o uso de outras drogas continua em números altos.
Ainda de acordo com o Observatório, o esforço contra as drogas ilícitas na Europa enfrenta "novos desafios", como a globalização e a inovação tecnológica, e pode ser afetada pelo desemprego dos jovens e pelos cortes de gastos na saúde provocados pela crise econômica.
No Relatório Europeu sobre Drogas 2013, o Observatório também alerta para a necessidade de investir mais em políticas de saúde dirigidas aos toxicodependentes, sobretudo para tratar a hepatite C e prevenir as intoxicação aguda(overdoses).
O OEDT estima também que "pelo menos 1,2 milhão de pessoas receberam tratamento por consumo de drogas ilegais na Europa em 2011", um recorde, mas insiste "na necessidade de concentrar esforços na continuidade da assistência e na criação de um consenso sobre o que deve ser entendido como tratamento a longo prazo", tendo em mente o exemplo da recuperação de dependentes de heroína, que pode se prolongar por vários anos.
"Com a Europa ainda a enfrentar um crescimento econômico negativo, um aumento das taxas de desemprego e de cortes na despesa pública, existe o risco dos orçamentos disponibilizados para a saúde, a manutenção da ordem pública e as medidas de segurança serem afetados", declarou o presidente do OEDT, João Goulão.
Dos que iniciaram o tratamento especializado da toxicodependência, cerca de metade (47%) estavam desempregados, e quase um em cada dez (9%) não tinham uma casa estável. Este grupo caracteriza-se também por um baixo índice de escolaridade, tendo 36% completado apenas o ensino básico.
O relatório anual do Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência foi, este ano, divulgado seis meses antes da data habitual, numa nova estratégia orientada para um aumento da rapidez e da eficácia, disse uma responsável da organização.
O documento, que este ano faz um o panorama pormenorizado das drogas e da toxicodependência nos países da União Europeia, na Noruega, Croácia e Turquia, é normalmente divulgado em novembro, mas o Observatório decidiu dar preferência a uma informação mais atual temporalmente.
Principais dados do relatório:
Maconha: é a droga ilícita mais consumida na Europa(77 milhões de pessoas declaram já tê-la experimentado); mais de 3 milhões de pessoas afirmam consumir maconha diariamente. Um terço delas tem entre 15 e 34 anos; em 2012, a quantidade de resina de maconha apreendida na Europa alcançou 483 toneladas, contra 92 toneladas em 2011.
Cocaína: é a segunda droga ilegal mais consumida na Europa, embora a maioria dos consumidores se concentrem em um número relativamente pequeno de países da Europa ocidental; cerca de 14,5 milhões de pessoas experimentaram cocaína pelo menos uma vez na vida e 2,5 milhões de europeus jovens (1,9% deste grupo de idade) consumiram a substância no último ano. Em 2011, foram apreendidas na Europa 62 toneladas de cocaína, uma queda de quase 50% desde o pico de 120 toneladas em 2006. As quedas mais expressivas são observadas na Península Ibérica, onde as interceptações combinadas de Espanha e Portugal caíram de 84 toneladas em 2006 a 20 toneladas em 2011.
Êxtase e Anfetaminas: Cerca de 11,4 milhões de europeus consumiram êxtase ao menos uma vez na vida e 1,8 milhão nos últimos 12 meses; 12,7 milhões consumiram alguma vez anfetaminas e 1,7 milhão de jovens adultos (de 15 a 34 anos) o fizeram no último ano. Em 2011, foram apreendidos 3,9 milhões de comprimidos de êxtase e 5,9 toneladas de anfetaminas.
Opiáceos(incluindo Heroína): é a droga que mais causa dependência, de acordo com o relatório, e a que provoca o maior número de mortes, doenças e demandas de tratamento. Cerca de 1,4 milhão de pessoas são consideradas "consumidoras problemáticas" (que injetam a droga em si mesmas ou que utilizam opiáceos de maneira regular ou ao longo de períodos prolongados). Em 2011, foram apreendidas 6,1 toneladas de heroína, a quantidade mais baixa notificada na última década e apenas a metade da apreendida em 2001.
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