quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

MODELO COGNITIVO DAS ADICÇÕES E RECAÍDAS

Há um sistema repetitivo e automático exercendo força na Adicção e depois na Recaída, considerada quase uma das fases da doença. Essa afirmativa é perigosa uma vez que contém em seu cerne o permisso de recair. Pode gerar, inclusive, dependentes que as têm programadas.
O processo é um círculo vicioso ao qual o dependente deve estar atento, podemos chamá-lo de emboscada psíquica, pois vem carregado de injunções repetitivas com o agravante do estigma de que não podemos fugir delas.
Surge a SITUAÇÃO ESTÍMULO, pode ser tanto externo (um acontecimento fora do Si mesmo), quanto interno (comandos emocionais inconscientes que abrangem uma gama enorme de sentimentos). É vulgarmente conhecida como GATILHO.
O passo seguinte é a CRENÇA CENTRAL, o dependente crê não ter força contra o embate sério e profundo entre seu Eu verdadeiro e seu Eu adicto que, na ativa sobrepõem-se ao Eu real dominando-o assim como a erva-de-passarinho lentamente mata a árvore. Cede à crença enraizada de que é impotente diante da situação a ser ultrapassada e não arrisca a Transformação.
Diante desse impasse conflitado surge o PENSAMENTO AUNTOMÁTICO. Só existe uma maneira de suportar estes sentimentos robotizados: o uso do objeto adictivo seja ele qual for e isso admite a SUBSTITUIÇÃO, se estiver abstinente, qualquer outro que se vincule às suas respostas adictivas.
A aceitação do PENSAMENTO AUTOMÁTICO leva, inquestionavelmente, à FISSURA.
“ O craving ou “fissura” – como e designado, popularmente pelos dependentes químicos no Brasil – e um conceito um tanto controverso. Pode-se aceitar a definição mais comum e considerar que é um intenso desejo de utilizar uma especifica substancia1-4, ou, então, concordar com outros vários
conceitos descritos pelos pesquisadores deste tema: desejo de experimentar os efeitos da droga; forte e subjetiva energia; irresistível impulso para usar droga; pensamento obsessivo; alívio para os sintomas de abstinência; incentivo para auto-administrar a substancia; expectativa de resultado positivo; processo de avaliação cognitiva e processo cognitivo não-automático.
A definição do craving:
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reuniu um comitê de especialistas em dependência química que definiu o craving como um desejo de repetir a experiência dos efeitos de uma dada substancia.
Este desejo pode ocorrer tanto na fase de consumo quanto no início da abstinência, ou após um longo tempo sem utilizar a droga, costumando vir acompanhado de alterações no humor, no comportamento e no pensamento.
O conceito mais utilizado de craving, como já foi enfatizado, é o que se refere a um intenso desejo para consumir determinada substância, porém pode ser mais amplamente definido como o reflexo de um estado de motivação orientado para o consumo de drogas, conceito este que integra a idéia de desejo com utilização da substância.
O craving pode ser classificado em quatro tipos:
1. como resposta à síndrome de abstinência;
2. como resposta a falta de prazer;
3 . como resposta condicionada a estímulos relacionados às substâncias psicoativas; e como tentativa de intensificar o prazer de determinadas atividades. Obviamente, é fácil perceber, que uma mesma situação pode fazer parte de mais de um destes grupos, tendo múltiplos determinantes.
Segundo Marlatt e Gordon, o craving é um estado motivacional subjetivo influenciado pelas expectativas associadas a um resultado positivo, estado este que pode induzir uma resposta na qual o comportamento desejado esteja envolvido.
Outro caminho na evolução do entendimento deste construto define o craving como um termo que engloba não somente o desejo, como a intenção de realizar este desejo, a antecipação dos efeitos positivos associados a sua utilização e o alivio do afeto negativo e dos sintomas relacionados a abstinência.”
A FISSURA que é carregada de ansiedade e angústia, tem como única resposta a CRENÇA PERMISSIVA.Significa que para livrar-se do estado negativo e sofrido tudo é permitido, a dor não deve ser vivenciada.
Mesmo estando abstinente o dependente começará a engendrar um PLANO DE AÇÃO para atingir seus objetivos. Como é extremamente criativo e manipulador nesta hora, provavelmente atingirá, mais cedo ou mais tarde, o seu intento.
No primeiro uso estabelece-se a RECAÍDA.
O círculo vicioso começa seu curso que só será interrompido pela ajuda dos Grupos de Auto Ajuda, terapia ou internação.
Depois do USO INICIAL, o dependente voltará a uma SITUAÇÃO ESTÍMULO que é o próprio uso.
O conhecimento deste método distorcido pode despertar a consciência do dependente de modo que o rompa antes de se estabelecer.


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