quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A família contra as Drogas

A MISSÃO DA FAMÍLIA CONTRA O USO DE DROGAS.

No início dos anos 90, o crack chegava com virulência atacando nossa juventude e matando-os sem dó.
A nova droga que parece ter vindo para ficar, colecionava, como ocorre ainda hoje, centenas de adolescentes, os quais sem conhecerem o altíssimo poder das “pedras”, de gerar rápida e grave dependência, caiam vitimados, pela promessa do falso prazer. Caiam em um submundo repleto de mortes, prisões, suicídios, prostituição. Se tonavam jovens castigados por uma ansiedade fora de controle, com movimentos corporais agitados, olhos assustadiços e expressivamente magros, em alguns casos, ficavam com os ossos da face em evidência. Negavam-se a receber ajuda, quer de centros de tratamento, profissionais da área ou grupos de ajuda mútua. Seu fim invariavelmente era o único caminho a que leva as drogas: a morte. A sociedade simplesmente o tratava de marginal, drogado, maconheiro etc. e não se importava nem um pouco com o destino do adicto.
Hoje, o usuário de drogas é visto como um enfêrmo, portanto, necessitado de tratamento médico, psicológico e espiritual especializados, por pior que seja seu comportamento sócio-familiar.
A nova lei penal, a partir do ano passado, não mais impõe pena de prisão ao dependente químico, e sim o obriga ao tratamento, além de prestar serviços sociais à comunidade.
Os avanços da neurociência permitem identificar problemas bioquímicos que contribuem e muito, para levar o indivíduo portador de imperceptíveis transtornos neurológicos à severa dependência do álcool (droga lícita) sem terem esses dependentes, nenhuma doença mental. No máximo, são portadores de “desconforto mental” que os leva ao uso, para “acalmar” ou “se sentirem bem.”
Alguns psicanalistas chegam a afirmar que “vivemos uma cultura tóxica”, porque nos inclinamos à dependência de alguma coisa para atenuar nossas ansiedades, que poderá ser a comida, álcool, tabaco, sexo, medicamentos e agora a internet etc.
Outro ponto relevante é a educação, no sentido de transmitir valores éticos-morais. Tradicionalmente, a família e as religiões cuidavam de educar as crianças e adolescentes. Hoje os pais têm transferido essa tarefa para a escola, que na verdade, tem o papel de intelectualizar o aluno. Esquecendo assim, de que o lar é o melhor educandário, porque sua lições são vivas e impressionáveis, carregadas de emoção e força. Os modelos devem ser silenciosos, falando mais pelos exemplos, pelas alegrias de viver, pelos valores comprovados, ao invés das palavras sonoras, cujas práticas demonstram o contrário.
Segundo o último relatório anual da ONU, o consumo de drogas ilícitas no Brasil estabilizou, com ligeira redução da maconha. Todavia, o consumo de bebidas alcoólicas registra crescimento. As pesquisas da UFESP apontam que 12,5% dos adolescentes matriculados nas escolas públicas bebem com freqüência, o que significa “um em cada cinco alunos” faz uso do álcool. Esses indicadores revelam ainda que, em relação ao álcool e ao tabaco, as meninas superam os meninos no seu uso.
Quanto à mudança dessa cultura suicida, o processo histórico nos indica que as alterações sócio-culturais costumam ocorrer somente depois de espalhar dores cruéis no organismo social.
O toxicômano não se importa em se livrar do desejo de usar drogas, ele deseja apenas “fazer calar a sua dor.”
Tanto o usuário eventual, como o dependente químico, sente na própria carne, o quanto as drogas são perigosas, mas está enredado num processo psicótico e obsessivo.
O dependente químico desenvolve uma relação psicótica com os entorpecentes, ao deixar que as drogas se transformem no centro de suas preocupações. Por outro lado, o “tempo” do usuário é diferente do nosso, pois está “contaminado de velocidade” e porque perdeu a capacidade de esperar. Paradoxalmente, não tem capacidade de agir e apenas é levado pelas circunstâncias interiores e exteriores comparando-se a um zumbi. Os níveis de ansiedade são tão altos que vive a cada dia, como se fosse o último. Movidos pela “hipnose” das drogas, o dependente químico fica furioso quando os pais se negam a lhe dar dinheiro para a compra das drogas. Quando, então, é capaz de “removê-los” da frente, como se fossem meros obstáculos ao seu insano prazer, podendo feri-los ou mesmo matá-los.
A vontade de ajudar um adicto a sair da situação degradante na qual se encontra, é enorme por parte de algumas pessoas, bem-intencionadas. Porém, é necessário algumas cautelas. Posto que é alguém que está sempre buscando comover as pessoas, para tentar facilitar o uso de drogas. Na maioria dos casos, o dependente químico procura ajuda, para se aperfeiçoar em sua droga adição e muitos acreditam que podem descobrir um jeitinho de usar drogas sem pagar o preço das seqüelas físicas, psicológicas, mentais, morais e sociais.
Desse modo, em razão da complexidade do problema, o seu enfrentamento não admite amadorismos. Exige um somatório de paciência e amor, estudos sobre a personalidade humana e estrutura psicológica do adicto, sobretudo cautela e energia, para não se deixar fazer parte do jogo manipulador, tão próprio dessa enfermidade.
Uma das maiores causa do uso de drogas atualmente é o egoísmo. Ele se traduz numa conduta humana, capaz de lançar a maior onda de indiferença sobre as pessoas e por isso se isolam, nos campos da competitividade, gerando medo uns dos outros. Esse isolamento impõe severa solidão, às vezes, começa dentro do próprio lar, onde vivemos acossados para atender às necessidades que nós criamos. Demoramos a perceber que nossos filhos têm sentimentos próprios e que não são projeções de nós mesmos. O silêncio prolongado, sem longas horas de internet, aporta do quarto fechada, a ciranda de festas ruidosas, “falam” dessa solidão, não de pessoas, mas de afeto e diálogo. Por isso, cabe aos pais adentrar no mundo interno do filho, para sentar no chão de sua intimidade e ali conversar com ele, para tentar descobrir as dores da sua alma.
O egoísmo também está presente no adicto ao eleger o caminho das drogas. Para busca de um prazer, ignora os afetos mais caros, rompendo seus vínculos familiares e destroi-se tudo pela tentativa de fazer calar seus conflitos. Somente mais tarde vem a descobrir que perdeu a liberdade. Por certo não podemos perder de vista que se a dependência tem por base os conflitos emocionais, outros fatores não menos relevantes devem ser considerados como os defeitos de caráter (abordados nas literaturas de Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos).
A importância da família na formação do ser é indiscutível. Não se vence a dependência de drogas sem sua efetiva e afetiva participação. Quando um de seus membros cai na dependência química, é sinal que o grupo familiar está enfêrmo. Pelo que, a família precisa participar da terapia, pela descoberta de que alguém está usando drogas. Sendo comum a instalação de um “tribunal familiar” para a apuração dos culpados e a condenação de quem caiu. O que o usuário menos precisa é de reprovação, posto que é portador de baixa-estima. A compreensão dos pais e outros familiares, lhe surgirá como grande alívio e estímulo para “aceitar” o tratamento. Tendo em vista que a primeira reação do dependente químico é a de não reconhecer o seu problema, valendo-se dos chavões “não sou viciado, paro quando quero.” A melhor atitude da família é não se escandalizar e adotar a postura de quem vai efetivamente ajudá-lo. Somente estabelecendo um clima de confiança se poderá saber até onde e com quem o dependente químico está envolvido. Esta é a maneira mais adequada de se saber qual droga está sendo consumida, o grau de sua dependência e outros riscos.
A espiritualidade, de forma ecumênica e voltada ao evangelho, é capaz de desenvolver um elo emocional com as lições e seu conteúdo ético-moral. Pouco a pouco, o dependente químico sente o despertar de uma nova consciência, que o leva para uma realidade até então desconhecida. As drogas fazem uma “blindagem emocional” do ser, como se congelassem seus sentimentos e a mensagem do Evangelho pulveriza esse bloqueio, abrindo novas e ricas possibilidades para proporcionar uma vida sem drogas, de onde poderá emergir o homem integral.
Abandonar o consumo de drogas implica na “transformação cultural”, significa também uma ”reforma íntima”. O processo de reabilitação não é simples e nem breve. Na verdade, é marcado por muitas fases, escritas com dolorosas lágrimas e rudes sofrimentos. Razão pela qual, a prevenção é o melhor caminho.
A prevenção na família equivaleria a preencher os seus vazios emocionais, que muitas vezes não são detectados a tempo. Evitar o consumo, ainda que eventual, de bebidas alcoólicas em casa, porque não sabemos se um membro de nossa família traz as tendências para esse vício. “Faça o que eu digo e não o que faço” é o pior dos exemplos. Acompanhar de perto os pensamentos e atitudes de um membro da família, pode ajudar a detectar a adicção antes mesmo que ele venha a ocorrer. A ONU recomenda em seu programa antidrogas, que devemos garantir um ambiente saudável à família, onde os filhos têm a liberdade de expressarem o que sentem, para que sejam melhor compreendidos.

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